sexta-feira, 18 de outubro de 2013

PROPOSTA de Manifesto por uma Aliança pelo Direito à Habitação e à Cidade

 (proposta a ser apresentada na 1ª Assembleia da Habitação)

Entendemos a Habitação como um direito fundamental que tem de ser protegido porque é indispensável à vida humana e essencial para a fruição plena de todos os outros direitos. A cidade é o espaço em que se desenrola a vida quotidiana da maioria das pessoas. Por isso, a sua produção, apropriação e uso devem estar subordinados à satisfação das suas necessidades e não instrumentalizados com vista à obtenção de lucro.

Associamo-nos a movimentos de toda a Europa, a cidadãs e cidadãos, activistas, investigadoras e investigadores para defender o direito à habitação e à cidade para todos! Este, no contexto de austeridade generalizada e de aprofundamento das destrutivas políticas neoliberais encontra-se seriamente comprometido. Em vez de políticas sociais de habitação assiste-se à tentativa da sua total liberalização, entregando a habitação à voracidade irracional dos mercados, que ignoram a sua importante função social.

Tal como noutros países europeus, o direito à habitação em Portugal mostra sinais de degradação muito preocupantes. Associada ao aumento generalizado do custo de vida, os encargos com a habitação revelam-se cada vez mais difíceis de comportar por muitas famílias, agravando o seu risco de pobreza e fazendo com que sobre elas paire a ameaça do despejo. A expulsão das pessoas dos lugares onde residem e a que dão vitalidade, dilaceram ainda mais um tecido social fortemente abalado pela austeridade: o desemprego crescente, a diminuição drástica do rendimento disponível das famílias; o seu endividamento,empurradas que foram para a aquisição de habitação através de créditos que começam a não poder suportar; a total liberalização do arrendamento, com o aumento das rendas antigas e a facilitação dos despejos; a aplicação de fórmulas de cálculo injustas para a habitação social; as demolições violentas e despejos que têm acontecido sem que alternativas dignas sejam discutidas com as pessoas, a ausência de segurança na posse continuada; a inexistência de alternativas dignas para quem nunca teve ou não tem agora condições para aceder ou manter uma habitação; os salários muito baixos incompatíveis com os preços no mercado de arrendamento; o racismo, discriminação e estigmatização que persistem.

As políticas neoliberais seguidas pelos governos de muitos países europeus, não podem continuar! É necessário defender, reconstruir e fortalecer um sector significativo de serviços públicos sobre os direitos comuns, tais como a habitação. Todas as pessoas que não têm acesso à habitação, aquelas que a têm em regime de arrendamento, as que estão endividadas e as que residem em bairros autoconstruídos com décadas de existência, devem ter direitos efectivos e exequíveis, que lhes garantam o acesso e a segurança da habitação. É absolutamente crucial a existência de políticas que evidenciem e priorizem claramente a função social da habitação, democratizando a produção legislativa, ouvindo as pessoas diretamente afetadas e estimulando a sua participação efetiva na elaboração de leis socialmente justas.

Comprometemo-nos assim a lançar as bases para a criação uma aliança de pessoas e organizações pelo Direito à Habitação que, respeitando a diversidade e autonomia de todas as organizações, pretende potenciar e ampliar esse trabalho através da criação de mecanismos de solidariedade e de reforço colectivo das diversas lutas, criando momentos de convergência e partilha que fortaleçam as reivindicações comuns.

1ª ASSEMBLEIA PELO DIREITO À HABITAÇÃO

19 Outubro, Dia Europeu de Acção

pelo Direito à Habitação e à Cidade

das 10h às 13h, 

Espaço Artéria, Rua dos Douradores, 220
perto da Prç da Figueira


Realiza-se amanhã, 10h-13h, na Praça da Figueira, uma Assembleia pelo Direito à Habitação, com vista dar a palavra a quem vê hoje o seu direito à habitação ser posto em causa, a activistas, investigadores/as e grupos empenhados na defesa do direito à habitação, e debater um documento de análise, proposta e estratégia comum para fazer frente à situação hoje vivida.

A iniciativa contará com a presença comissões de moradores/as que têm reclamado contra a aplicação da renda apoiada (ex: Comissão de Inquilinos do Bairro dos Loios) e o novo regime de arrendamento urbano (ex: Comissão de Inquilinos das Avenidas Novas; Comissão de Moradores do Bairro da Boba); de moradores/as afectados/as por despejos em massa  (ex: Moradores do Bairro de Santa Filomena), assim como famílias afectadas pelo crédito à habitação e em risco de perder a casa. Estarão também presentes representantes de associações e colectivos, nomeadamente Associação Moinho da Juventude, Marcha Munidal de Mulheres, Plataforma Guetto, República Marias do Loureiro, SOS Racismo e UMAR; assim como  investigadores/as que se têm dedicado ao estudo deste tema, nomeadamente: Isabel Guerra (do Dinamia/CET-IUL e uma das responsáveis pela elaboração do Plano Estratégico da Habitação); Jorge Malheiros e André Carmo (IGOT); Isabel Raposo (GESTUAL) e Giovanni Allegretti (CES).

A iniciativa tem o apoio da Trienal de Aquitectura e está inserida Dia Europeu de Acção pelo Direito à Habitação e à Cidade, uma iniciativa que envolvendo diversos grupos, organizações e movimentos sociais em várias cidades Europeias, nomeadamente Amesterdão, Atenas, Berlim, Budapeste, Dusseldorf, Dublin, Geneva, Lisboa, Malaga, Toulouse, Paris, Roma e Varsóvia.

*Em virtude de previsão de aguaceiros durante a manhã de sábado, o local de realização da assembleia foi alterado para o espaço Artéria, a cerca de 1 minuto da Praça da Figueira.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

19 de Outubro: Dia Europeu de Acção pelo Direito à Habitação e à Cidade

 

AS CASAS PARA AS PESSOAS 

NÃO PARA O LUCRO E  A ESPECULAÇÃO


No próximo sábado, 19 de Outubro, realiza-se o primeiro dia de Acção conjunta pelo direito à habitação e à Cidade, com acções por toda a Europa, nomeadamente em Amesterdão, Atenas, Berlim, Budapeste, Dusseldorf, Dublin, Geneva, Lisboa, Malaga, Toulouse, Paris, Roma e Varsóvia. Em Lisboa, haverá uma Assembleia pelo Direito à Habitação, a ter lugar pelas 10h, na Praça da Figueira.
Na maior parte dos países europeus, a situação habitacional de milhares de pessoas está a agravar-se. Todos os dias aumenta o número de pessoas que não têm acesso à habitação ou que acedem à habitação em condições de grande precariedade – seja em regime de arrendamento, crédito à habitação, ou em bairros auto-construídos. O acesso à habitação tem vindo a ser limitado pela acção de mercados financeiros globalizados e de empresas transnacionais orientadas pelo lucro, que especulam sobre, e controlam, grandes áreas de terra, edifícios e, até o parque habitacional “público”. As acções visam exigir o fim do fardo esmagador da dívida que foi colocado sobre o cidadão e a cidadã comum.  Reivindica-se políticas que priorizem claramente a função social da habitação, democratizando a produção legislativa, ouvindo as pessoas directamente afectadas e estimulando a sua participação efectiva na elaboração de leis socialmente justas.
Esta acção representa a afirmação de uma aliança Europeia pelo direito à habitação e à Cidade, envolvendo diversos grupos, organizações e movimentos sociais. Esta é uma plataforma de acção criada a partir de encontros realizados em 2013 na Alemanha e na Grécia, e tem como base a convicção de que as políticas de habitação deverão estar orientadas para as necessidades e os direitos das pessoas e não os interesses do lucro e da especulação.